Novas tocas de corujas em Matinhos confirmam recomposição da fauna local 11/07/2024 - 09:13

A revitalização da orla de Matinhos, no Litoral do Paraná, obra em fase final de execução pelo Governo do Estado, está mudando o ecossistema da região. Programas de monitoramento ambiental realizados pelo Instituto Água e Terra (IAT) em parceria com o Consórcio DTA/Acquaplan, identificaram a presença de novas tocas de corujas-buraqueiras (Athene cunicularia) nos canteiros de recuperação da vegetação de restinga da orla, uma faixa de 6,3 quilômetros entre Caiobá e o Balneário Flórida.

Por abrigarem os filhotes da ave, a presença das tocas é um sinal positivo de que as espécies locais estão voltando a ocupar a região após as intervenções.

Os técnicos do consórcio identificaram uma toca no Balneário Riviera no mês de abril, outra em Caiobá em maio, e uma última no Balneário Flamingo, em junho. Três filhotes também foram avistados em uma toca que já havia sido descoberta em dezembro de 2023 no Balneário Flamingo, demonstrando a ampliação do repovoamento da espécie.

“A presença desses animais traz muitos benefícios para a fauna da região, ajudando no controle biológico de insetos. Agora, como esses animais estão voltando a frequentar a orla, é importante que o desenvolvimento do Litoral esteja sempre alinhado com a preservação dessas espécies e de outras que podem potencialmente ocupar aquele espaço”, explica a bióloga do Escritório Regional do IAT no Litoral, Mayara dos Santos Rodrigues.

Para ajudar a proteger a ave silvestre, além do monitoramento periódico, estão previstas também ações de educação ambiental sobre a espécie, destaca a gestora dos Programas Ambientais em Matinhos, Tamires Ferreira Lima. “As corujas buraqueiras estão em três locais já sinalizados com placas, indicando as tocas como meio de identificação e de conscientização da população. É preciso respeitar, por isso necessitamos que a informação correta chegue à população”, afirma.

CARACTERÍSTICAS – A espécie Athene cunicularia é conhecida popularmente como coruja-buraqueira ou caburé. O nome científico significa “coruja que cava túneis”, fazendo referência ao hábito da ave de cavar buracos para construir ninhos. É capaz de habitar ambientes alterados pela ação humana, podendo ser encontrada em áreas abertas das cidades, como no Litoral do Paraná.

A ave apresenta pequeno porte e coloração castanha com manchas beges na ponta das asas e se alimenta de animais de pequeno porte, como insetos, anfíbios e répteis.

MAIS EXEMPLOS – As corujas não são o único exemplo de impacto positivo da obra no ecossistema local. Os guias de correntes da desembocadura do canal do Rio Matinhos tornaram as águas da região mais calmas, o que propicia a aparição de aves aquáticas da espécie Nannopterum brasilianus, conhecidas popularmente como biguá ou mergulhão, e também uma variedade de garças, da família Ardeidae. Além disso, as estruturas marítimas viabilizaram a aparição de organismos como conchas e caracóis, a chamada fauna incrustante, que contribui para a biodiversidade local.

Um estudo realizado pelo Consórcio DTA/Acquaplan também mostra que foram avistados 56 grupos de botos-cinzas (Sotalia Guianensis) e toninhas (Pontoporia blaenvillei), espécies que correm risco de extinção, além de outros animais costeiros.

Já os caranguejos maria-farinha (Ocypode quadrata) foram atraídos pela engorda da faixa de areia e o replantio da restinga. Maria-farinha são crustáceos amarelos que se alimentam de tatuíras, mariscos, insetos e outros animais mortos trazidos pela maré.

OBRA – A primeira fase da revitalização da Orla de Matinhos está 94,33% concluída e deve ser entregue no segundo semestre deste ano. O investimento do Governo do Estado é de R$ 354,4 milhões ao longo de uma extensão de 6,3 quilômetros, entre o Morro do Boi e o Balneário Flórida.

A intervenção inclui a execução de serviços de engorda da faixa de areia por meio de aterro hidráulico, estruturas marítimas semirrígidas, canais de macrodrenagem e redes de microdrenagem. Além do sistema de drenagem, as obras contemplam a melhoria da pavimentação asfáltica e recuperação de vias urbanas.

Em uma segunda etapa, ainda sem previsão para ter início, será recuperado o trecho de 1,7 quilômetro entre os balneários Flórida e Saint Etienne.

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