Conceitos de Estágios Sucessionais de uma Formação Florestal
Vamos imaginar que um proprietário rural possuía uma área com uma floresta de grande porte onde existiam pinheiros, imbuias, canelas, pessegueiros bravos, miguel pintado e enfim uma grande quantidade de espécies. Este proprietário rural queria fazer agricultura e colocou tudo no chão, fazendo o que nós chamamos de CONVERSÃO, ou seja, tirou a floresta e converteu para agricultura ou pastagem.
Depois de alguns anos o solo ficou pobre e aquele proprietário rural não queria mais fazer lavouras e abandonou a área. Começa a formação de uma nova formação florestal divididos em ESTÁGIOS:
Estágio Inicial
Ao abandonar a área a natureza promove a regeneração natural e começa a se formar uma nova vegetação naquela área ao que chamamos na terminologia da legislação de ESTÁGIO INICIAL.
Na linguagem popular dos produtores rurais, nós dizemos que se der para roçar com uma foice, considera-se Estágio Inicial. Conforme for o tipo de solo isto dura em torno de 5 anos. O volume máximo de lenha não pode ser superior a 100 m³ e não tem árvores para tirar madeira para serraria.
Conforme Resolução CONAMA 002 de 18 de março de 1994:
Estágio inicial: formação originada pelo processo de colonização e sucessão que se processa após o corte raso da vegetação
- densidade máxima: 100 árvores / ha com dap > 10 cm
- área basal das árvores : < 20 m²/ha
- volume < 100 m³/ha de lenha
- número de árvores com dap > 40 cm: geralmente < 10 unidades
- altura média do dossel: até 10 m
Espécies que caracterizam este estágio:
- Mimosa scabrella - Bracatinga
- Vernonia discolor - Vassourão preto
- Piptocarpha angustifolia - Vassourão branco
- Myrsine ferruginea - Capororoca
- Schinus terebinthifolius - Aroeira
- Clethra scabra - Carne-de-vaca
- Sapium glandulatum - Leiteiro
- Ocotea puberula - Canela-guaica
Estágio Médio
Evidentemente é o estágio posterior ao Estágio Inicial onde a vegetação está bem mais formada, já existe possibilidade de existir madeira para serraria.
Conforme Resolução CONAMA 002 de 18 de março de 1994:
Estágio Médio: formação subsequente à formação inicial, decorrente do processo de sucessão que se caracteriza pela transição entre a inicial e a formação florestal avançada.
- Área basal das árvores : ATÉ 35 m²/ha
- Número de árvores com DAP > 40 cm: geralmente entre 10 e 30
- Altura média do Dossel: até 17 m
Espécies que caracterizam este Estágio:
- Matayba elaegnoides - Camboatã ou Miguel pintado
- Prunus spp - Pessegueiro-brabo
- Campomanesia spp - Guabirobeira
- Capsicodendron dinisii - Pimenteira
- Jacaranda puberula - Caroba
- Zanthoxylum spp - Mamica-de-porca / Juveve
- Ilex paraguariensis - Erva-mate
- Lauráceas (canelas) e Mirtáceas (frutíferas) e mais as Pioneiras.
- Ainda espécies clímax com indivíduos com DAP>40 cm em quantidade menor que 20 árvores por ha.
Estágio Avançado
Este estágio é o da floresta praticamente formada onde temos as espécies de uma floresta tradicional com a ocorrência de um significativo volume de madeira para serraria.
Ou seja, aquele proprietário rural que abandonou a área, depois de algumas décadas, terá novamente uma floresta recuperada.
Conforme Resolução CONAMA 002 de 18 de março de 1994:
Estágio avançado: formação no mais avançado grau de desenvolvimento sucessional, constituindo uma comunidade complexa e de alta diversidade florística.
- área basal das árvores : > 35 m²/ha
- número de árvores com dap > 40 cm, maior que 30
- altura média do dossel: > 30 m
Espécies que caracterizam este estágio:
- araucaria angustifolia - pinheiro
- ocotea porosa - imbuia
- podocarpus lambertii - pinho brabo
- várias outras espécies podem compor esta floresta de elevada diversidade florística e complexidade estrutural.
Floresta Primária
É a floresta nativa onde o homem não promoveu nenhuma alteração em seu meio natural.